Crochê, para além da vã mitologia

 

A condenação de Ariadne, por ter salvo a vida do amado Teseu, usando um fio de lã fiado por ela mesma, é a versão mais conhecida da mitologia grega sobre o Minotauro. Numa das versões, para lá de resumida, Ariadne teria sido amaldiçoada a ter que passar o resto da vida fiando, enrolando e desenrolando um novelo de lã enquanto subia e descia uma montanha.

 

E bem a propósito, foi o Fio de Ariadne que me trouxe até aqui para escrever sobre artesanato com ênfase para o crochê e a nova coqueluche que saiu das pequenas fabricantes independentes, das mãos das donas de casa habilidosas que tecem vestimentas, “biquinhos”, toalhas de mesa, capa de bujão de gás  — este último é o favorito dos memes de roupas femininas excessivamente enfeitadas  –, isto tudo ao redor do mundo.

 

Não há um só lugar no mundo onde não exista  mulher habilidosa na arte de tecer em crochê, tricô, smirna ou quaisquer outras técnicas com ou sem  ganchos ; uma população incalculável em frenética troca de gráficos e tutoriais de vídeo. Desde os confins da Rússia aos rincões dos países da América Latina. Estamos falando de uma malha imensa de mulheres ligadas por fios de lã, de malha, sintéticos de todos os tipos e a única novidade, dentro desta população, é que hoje estão ligadas pela internet.

 

 

No YouTube e dezenas de grupos nas plataformas sociais tem-se indicação do grande movimento que, não é como se pensa a princípio, ser apenas pela iniciativa orgânica das tecelãs. Elas mesmas estão desapercebidas do que ocorre dentro das atividades dos grupos.

Complete a leitura deste artigo com “A moda pode trocar o couro pelos cogumelos”

Uma miríade de professores dão cursos e workshops online encorpando as finanças destas mulheres, sem se falar nas parcerias remuneradas com distribuidores de fios e armarinhos. Porém, ter acesso a estes benefícios não é para todas porque desconhece-se dos critérios de escolhas.  Certamente que, o número de seguidores no instagram, onde o polo das vitrines das artesãs se concentra, e na mesma escala, nos canais do YouTube.

 

Ivaneides Gonçalves, conhecida como Preta Moraes, tem 43 anos casada a 22 anos com dois filhos meninos um de 20 e outro de 15 anos, faz crochê desde muito cedo é uma destas crocheteiras que não conseguiu atrair o interesse dos patrocinadores dos produtos para as suas  bolsas apesar de dar preferência a um determinado armarinho na aquisição dos fios e demais apetrechos.

 

“Comecei fazer crochê ainda na infância, muito novinha, e sempre gostei de ensinar o que sei, então o canal me proporcionou isso.  Ensino com muito amor e tento passar o melhor que eu sei e isso me deixa muito feliz.

 

Algumas pessoas recebem alguma comissão ou fazem uma parceria com fabricantes ou lojas, recebem os produtos para falar da loja ou fábrica, tipo uma troca de serviços.  Mas eu infelizmente nunca consegui uma parceria, e também nunca ganhei nenhum tipo de ajuda.”

 

Seu canal no YouTube  ostenta 100 mil inscritos e os tutoriais são gratuitos, coisa rara neste universo de tantas professoras de crochê. Ela mesma declara que já tentou conseguir algum suporte dos distribuidores e armarinhos para dar continuidade ao trabalho que desenvolve solitariamente.  Preta não se furta a fornecer informações técnicas do seu produto, citando o tipo e marca de fio utilizados e com isto faz marketing gratuito para os fornecedores.

 

INDÚSTRIA

Com a desindustrialização do Brasil, na área têxtil, este é mais um mercado que passa a ser abastecido pela importação dos produtos chineses e de tal forma é o volume que não se pode precisar sobre os fabricantes de fios de origem nacional. Todos os fios são rotulados com o made in China. O lado curioso é que em todas as partes do mundo, um dos produtos mais consumidos é o fio Náutico de composição sintética, de origem chinesa. O material sintético é uma contradição quando se compara à rejeição do material de origem animal.

O mesmo ocorrendo com as ferragens utilizadas na confecção de bolsas de crochê, de bolsas em geral e outros acessórios, o que acusa que a metalurgia menor é insípida e de muito baixa qualidade da douração.  Reina uma única fornecedora de ferragens de relativa qualidade, o que eleva os custos destes materiais de acabamento comprometendo o custo final do produto e, portanto, subtraindo nos lucros das tecelãs.

 

Leia: De bolsas de crochê e tecelagens

 

POLÍTICA IDEOLÓGIA e Agenda 2030

 

A Agenda 2030 é uma vasta relação de tópicos globalistas em função das conquistas da Nova Ordem Mundial.  Dentro das suas necessidades está o estímulo ao veganismo, à eliminação total  do consumo de proteína animal ; o veganismo impele a recusa por produtos de vestuário e acessórios, principalmente femininos, de origem animal. O novelo de Ariadne é grande o suficiente para guiar dentro do labirinto que trouxe as tecelãs a um mercado nascente que movimenta um bom montante de cifras só conhecida pelos fabricantes, importadores e distribuidores de fios.

 

A estimulada rejeição ao couro animal fez florescer uma nova e contraditória indústria de acessório feminino que são as bolsas de crochê; saíram dos pequenos ateliês e foram para as vitrines de shoppings sofisticados. Ainda para dizer sobre esta direcionada rejeição ao couro, há mesmo pequenos fabricantes de bolsas que se recusam a usar o recouro por receio de perder clientes veganas.

 

Nada disto passaria despercebido da natureza política e ideológica que tratou de fincar pé e, realmente, dar organicidade, no sentido de organizar, direcionar e institucionalizar. Nasce, então a CGOA —  Crochêt Guild of America criado pela ativista política, simpática sexagenária americana,  Sra. Gwen Blakley Kinsler a qual se pode conhecer melhor a visão e militância ideológica pelos seu perfil no Twitter @crochetkween . Texto traduzido dos objetivos do CGOA ao final deste artigo. Dados no link

*Para ler mais sobre o mercado de bolsas de tecelagem em crochê acesse o link para o nosso Blog.

 

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História do CGOA

por Gwen Blakley Kinsler,

 

Fundador da Guilda de Crochê da América

 

Raízes Antigas, Novos Começos

Como uma crocheteira apaixonada e determinado em 1991, iniciei sérios esforços para criar a primeira conferência exclusiva para crocheteiras. Minha motivação para realizar tal evento não foi porque eu era um crocheteiras experiente, mas porque eu desejava aprender com especialistas em um contexto mais amplo. Eu realizei uma campanha de marketing direcionada durante os muitos meses que antecederam o evento que incluiu a produção de um boletim informativo que chamava a atenção não apenas para crocheteiras locais dispostas a ajudar, mas também para crocheteiras de lugares tão distantes quanto o Alasca! A conferência de crochê Chain Link , “Raízes Antigas, Novos Começos”, aconteceu em Chicago em agosto de 1994. Foi um experimento no lugar certo na hora certa que significou muito para mim.

 

Trabalhando com uma voluntária local, Dana Kahan Benjamin, plantamos as sementes que cresceram e floresceram no primeiro capítulo antes mesmo da conferência. Conhecido como Northern Illinois Chapter (NIC), comemoramos nosso 20º aniversário, juntamente com o CGOA, em 2014. Muitos dos membros do NIC serviram e continuam a servir em cargos de liderança local e nacionalmente.

 

Do conceito ao CGOA

Nessa primeira conferência, 90 participantes estabeleceram em conjunto o conceito de uma organização exclusiva para crocheteiras. O espírito de voluntariado era evidente nos esforços daqueles que se importavam; eles não queriam nada em troca, exceto a camaradagem que encontraram entre pessoas com paixão semelhante por crochê. Voluntários generosos criaram a próxima conferência; realizada desta vez em Nova Jersey. Lá, em 1995, os participantes votaram oficialmente para estabelecer o CGOA. Os estatutos foram redigidos e, em outubro de 1995, o status sem fins lucrativos 501(c)(3) foi concedido. Tão forte hoje como era desde o início, “A missão do CGOA será criar um ambiente que forneça educação, rede, recursos e um padrão nacional para a qualidade, arte e habilidade do crochê por meio de esforços criativos que preservem o patrimônio de crochê.”

 

Uma organização gerida e gerida por voluntários durante os seus primeiros 10 anos, a CGOA é o que é hoje devido às inúmeras horas dedicadas por membros dedicados. Eles trouxeram experiência para muitas funções importantes da organização: liderança, networking, relações públicas, ensino, negócios, etc. Ideias inovadoras, que agora damos como certas, foram concebidas e alimentadas, garantindo que a CGOA evoluísse e crescesse como uma organização importante e vibrante .

 

Conquistas

Nossa história como organização voluntária é importante e inspiradora. Estas são algumas das muitas realizações e eventos que aconteceram ao longo dos anos: estatutos; Logo e brochura CGOA; boletim profissional, revista oficial de crochê; conferência anual de crochê; quadro de mensagens online; excursões patrocinadas pela CGOA para a Irlanda e País de Gales; professor internacional anual; descontos para membros e associações de presentes; Um website; Mês Nacional do Crochê; jurados de exposições de arte e concursos de crochê; patrocínios da indústria, prêmios de porta, sacolas de guloseimas; ganchos comemorativos; suíte de hospitalidade/sala de crochê; cartões com temas de crochê; exibição de exposição profissional, Dia de Desenvolvimento Profissional; Designação de Mestres de Crochê; linha padrão CGOA; flyer para lojas de fios locais: ”Trinta maneiras de promover o crochê;” Eu posso fazer crochê Patch de escoteira e muito mais no reino das mídias sociais.

 

Nosso legado duradouro

Felizmente, nosso amado CGOA não permanece estático. Fomos liderados por membros talentosos do conselho, orientados por profissionais da indústria de fios, nutridos e cuidados por milhares! A indústria de fios/artesanato nos apoiou generosamente; e seremos eternamente gratos ao Craft Yarn Council, que forneceu nosso apoio comercial diário (1997-2002); Alcance Ilimitado (2002-2003); Offinger Management Company (2003-2017); e agora Celtic Chicago (2017). Hoje, a CGOA ainda é a ÚNICA organização exclusivamente para crocheteiras.

 

“Os tempos nem sempre foram fáceis para os muitos voluntários que trabalharam incansavelmente para atingir objetivos comuns; mas, como eu, eles certamente sentem que seus esforços valeram a pena. Sou profundamente grato aos muitos voluntários do passado, bem como àqueles que ainda não doaram seus talentos para o futuro emocionante do CGOA.” *

Nossa história CGOA continua a se desdobrar; e é minha esperança que o conhecimento e as memórias do passado perdurem e sejam honrados. Aprendemos com a história, com seus sucessos e fracassos. É reconhecendo nosso passado e nos adaptando ao nosso presente que os futuros voluntários poderão nos liderar com sucesso e garantir que nosso legado perdure.

 

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